O Clube de Rugby do Técnico/Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (CRT/AEIST), uma instituição de Utilidade Pública com quase 60 anos de actividade de prática do rugby e actual Campeão Nacional com mais de 300 atletas em todos os escalões, tem vindo a denunciar as sistemáticas arbitrariedades, autoritarismo e incumprimento dos mais elementares princípios de ética por parte da Federação Portuguesa de Rugby (FPR) e, nomeadamente, por parte do seu presidente, que têm vindo a desprestigiar e a prejudicar não só o Rugby, como o Desporto no seu todo.
A situação aterradora que actualmente vivemos e que nos foi especificamente criada pelo próprio presidente da FPR, é mais um exemplo flagrante de despotismo e má-fé, inaceitável e reprovável, a que urge uma intervenção definitiva.
Este caso conta-se em duas palavras: Em Janeiro, a equipa Sénior do Técnico não teve possibilidade de jogar um jogo do Campeonato Nacional por ter um elevado número de jogadores com Covid-19. O jogo foi adiado e marcado pela FPR para três meses depois. Vencemos esse jogo, mas o adversário entendeu protestá-lo, alegando ter o Técnico jogado com jogadores inscritos na FPR durante o período que mediou os dois jogos.
A lei é clara e sendo a FPR a marcar o jogo, tal como aconteceu, podem jogar todos os jogadores devidamente inscritos até à data do jogo.
Da parte do Técnico foi feita a normal contestação, com a razão inequívoca do seu lado.
O que se passou a seguir é verdadeiramente surrealista: o Conselho de Disciplina da FPR rejeitou liminarmente a contestação do Técnico justificando essa atitude com uma questão de troca de endereços, eliminando qualquer possibilidade de defesa.
Pois bem, na mais surrealista das assunções autoritárias, o presidente da FPR chamou a si a condução do processo, que culminou com a “Direção de Justiça” a reunir depois da meia-noite e decidir, sem ter em conta a contestação do Técnico, recusando lê-la e sem qualquer tipo de contraditório, aplicar a seu bel-prazer a pena de:
– eliminar o Técnico do Campeonato Nacional em disputa , onde disputava novamente o título.
– castigar a equipa Sénior do Técnico, actual campeão nacional, a descer de divisão em dois escalões.
Na madrugada desse sábado de extraordinárias decisões, e pelas duas horas da manhã, o presidente da FPR convocou as equipas seniores dos outros Clubes para jogarem nesse mesmo dia, sábado, às 14h00, desmascarando-se à vista de todos, que já conhecendo antecipadamente a decisão que impôs forjar na maior das infâmias, obrigou e convocou as equipas para jogarem no próprio dia.
Percebe-se bem a intenção de todo este atropelo aos mais elementares princípios de ética e desportivos: por força da contestação do Técnico, o campeonato tinha sido interrompido até o caso ser julgado. Ora, se essa contestação estivesse correta, como se previa, o Técnico iria continuar a disputar o Campeonato Nacional e já numa posição invejosa.
Ultrapassando e trapaçando todas as regras, os responsáveis da FPR não permitiram que o Técnico apresentasse as suas alegações e, perante uma acusação sem julgamento, a sentença antecipada estava dada.
Mas, presumamos por um instante, que mesmo com as alegações criteriosas e eficazes do Técnico, os juízes entendiam que, tendo em vista o não cumprimento de um regulamento duvidoso, o Técnico seja culpado e deveria suportar a respectiva pena. Pois bem, em todas as modalidades desportivas, estes casos são punidos com a derrota da equipa no jogo em causa.
Mas, durante essa ténebra madrugada, decerto em conluio dos órgãos de disciplina com o presidente da FPR, o Técnico foi condenado com duas penas: eliminação imediata do Campeonato Nacional e, numa verdadeira “sentença de morte”, a descida da equipa Campeã Nacional à terceira divisão.
Mas então os juízes desta causa condenam o arguido à pena capital, prescindindo de ouvir a sua elementar defesa na presença de um presidente que se comporta como se preparasse esta cabala que envergonharia o mais ingrato esbirro e acham-se bem com a sua consciência?
As conclusões são óbvias para todos os que leram este memorando. E, retirando as vossas conclusões, é importante a vossa manifestação a favor da justiça e da verdade no Desporto.
Pedro Lucas, Presidente da Direcção
José Bento dos Santos, Presidente da AG
Raúl Martins, Presidente do Conselho Geral